sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ESSA É A CARA por Fernando Borgomoni

Nossa luta não começou hoje.
Não somos os mesmos, mas a luta é.
Quando sentamos no chão, em 1977, diante de uma polícia ávida de sangue, mostramos as nossas verdadeiras garras.
Ali, sentados, diante de um muro de escudos e capacetes. Fitando-os nos olhos. 
Veio a certeza, de que não eram os policiais, donos dos olhos que fitávamos, que nós realmente estávamos encarando.  
Por trás daqueles olhos estavam os assassinos, os torturadores, os hipócritas. Não, eles não iriam estar lá para enfrentar os estudantes, sentados de olhos limpos diante deles; de olhos limpos e de almas limpas.
Seu poder, retirado da infâmia que oprime esse país há 500 anos, 
faz deles seres contra-luz. 
Seu poder garante a proteção de seus corpos e de sua empáfia, 
a uma distância segura do perigo
Não eram os policiais e seus cães que nós olhávamos e por essa razão nossa certeza foi também a deles e fez-se 
uma improvável e sublime paz.
Os escondidos nos seus bunkers-gabinetes-escritórios-quartéis, eram esses que nós estávamos encarando de frente, mas eles não encaram, eles não estão no palco, 
movem-se nas sombras.
A força policial não se sentiu ameaçada, 
ficou claro  que a provocação daqueles olhos, 
de paz valente e clara, 
não era para eles.
Agora, em 2010, 
mais precisamente nos próximos 16 dias, temos que voltar a nos sentar de olhos claros e bem abertos, 
pois eles continuam a comandar, 
com a distância própria dos covardes.
Seus exércitos preferem, aos escudos e cacetetes, páginas e páginas de papel jornal, isento de impostos; 
câmeras, jornalistas e editores que fariam os pastores alemães de 1977 
virarem gatinhos de pelúcia.

Então é agora!
 Sentemo-nos na praça! 
Nos próximos 16 dias, 
fitemos atentamente os olhos deles 
e façamos sua covardia irromper 
por entre seus poros .
De olhos bem abertos para colocar no comando do país quem não se esconde. Quem não tem medo de mostrar a cara.
Quem sabe, enfim, 
encarar a cara, 
que se desvia 
do olhar que encara.
Dilma Roussef, 
essa é a cara!




"Eu não fujo quando a situação fica difícil. 
Eu não tenho medo da luta..." 


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